Semiótica
A palavra semiótica vem do grego semeiotiké ou “a arte dos sinais”.
O estudo dos signos remonta às próprias origens do pensamento filosófico.
Pensadores como Platão e Santo Agostinho, por exemplo, deixaram suas contribuições na construção do que viria ser uma ciência dos signos. Vem de Agostinho (354-430) a clássica definição de que “um signo é algo que, ao ser percebido, traz à consciência alguma coisa que não é ele mesmo”. Jonh Locke, no séc. XVII, já havia utilizado o termo “semeiotiqué”(no grego) para designar uma futura ciência dos signos em geral.
Historicamente, a jovem ciência denominada como Semiótica, se originou em três locais de culturas muito diferentes: União Soviética (A.N. Viesselovski e A.A. Potiebniá e N.I. Marr), Europa Ocidental (F. de Saussurre) e E.U.A (C.S. Peirce). Emergindo ao mesmo tempo em espaço e paternidades diferentes, gera o inicio de uma “consciência semiótica”, ou seja, consciência da linguagem.
Embora o projeto de construir uma “ciência dos signos” já existisse há algum tempo, pode se dizer que o aparecimento efetivo dessa ciência se verifica apenas nos meados do século XX.
Semiótica/ semiologia
De todas as nascentes da semiótica, as que obtiveram maior projeção (estudo aprofundado) foram:
- Semiologia (correspondente à tradição européia, iniciada por Ferdinand Saussure -1857-1913);
- Semiótica (correspondente à tradição anglo-saxônica, iniciada por Charles Sanders Pierce – 1839-1914).
Saussure
- Ferdinand Saussure (1857-1913) foi um linguista e filósofo suíço cujas elaborações teóricas propiciaram o desenvolvimento da linguística enquanto ciência e desencadearam o surgimento do estruturalismo. Além disso, o pensamento de Saussure estimulou muitos dos questionamentos que comparecem na linguística do século XX. A Semiótica Européia, em um de seus expoentes mais fortes, está fundamentada a partir do livro “Tratado de Lingüística Geral”, de Ferdinand de Saussure. Constituiu-se como ponto de partida para a Semiologia desenvolvida por Rolland Barthes.
Peirce
- Charles Sanders Pierce (1839-19014) foi um estudioso polivalente, um homem muito além de sua época. Dedicou-se às mais diversas áreas da ciência: matemática, física, astronomia, química, linguística, psicologia, história, lógica e filosofia. Sua paixão e interesse por entender a lógica das ciências era, em primeiro lugar, entender seus métodos de raciocínio. A assombrosa diversidade de campos de interesse e a dedicação incondicional, permitiu que Pierce enxergasse o mundo ao redor de uma forma mais abrangente, o que o levou a formular uma teoria lógica, a qual definiu, semiótica.
Conceito
Compreende-se por semiótica a teoria geral de toda e qualquer linguagem, verbal e não verbal que estuda os signos e a relação que eles estabelecem entre si na produção de sentido.
Segundo Santaella (1992, p.2) “ a semiótica é a ciência que tem por objeto de investigação todas as linguagens possíveis, ou seja, que tem por objetivo o exame dos modos de constituição de todo e qualquer fenômeno como fenômeno de produção de significação e de sentido”.
O que é um fenômeno?
É tudo aquilo que aparece à mente, corresponde a algo real ou não.
Tudo aquilo que força-se sobre nós, impondo-se ao nosso reconhecimento, tudo o que aparece à consciência.
Existe diferença entre semiótica e semiologia?
Ainda que seja corrente o uso dos termos semiótica/ semiologia como sinônimos, ambas são densamente marcadas por origens teóricas distintas e, portanto, rigorosamente falando, insinuam pressupostos diferentes e apontam para orientações diferentes. Enquanto a semiologia de Saussure aprofundou seus estudos na lingüística, a semiótica de Pierce é mais abrangente e se aplica a toda e qualquer área, podendo realmente ser considerada a teoria geral dos signos.
- Saussure– analisa os signos em pares dicotômicos: significante/significado; língua/fala; denotativo/conotativo etc.
- Pierce – analisa os signos em uma relação tríadica : primeiridade( qualidade), secundidade (relação ou reação), terceiridade( representação ou mediação).
Signo
A palavra signo vem do latim “signum”, em grego “semêion”, que provém de sécnon, raiz do verbo “cortar”, extrair parte de, porque, de acordo com Peruzzolo(2004, p.53), “primitivamente o signo era pensado como algo que se referia a uma coisa completa, maior e da qual era extraído, porque, desde muito cedo, o homem se dá conta desse jogo de significação que conjuga matéria, pensamento e ação”, ou seja, é algo que é colocado no lugar de outra coisa.
Detalhadamente, o signo é qualquer coisa de qualquer espécie (uma palavra, um livro, uma biblioteca, um grito, uma pintura, um museu, uma pessoa, uma mancha de tinta, um vídeo etc.) que representa outra coisa, chamada de objeto do signo, e que produz um efeito interpretativo em uma mente real ou potencial, efeito este que é chamado de interpretante do signo.
Os signos se organizam e fazem sentido sempre dentro de processos comunicacionais que, por sua vez, inscrevem-se sempre dentro de códigos (que podemos chamar de linguagem).
Ex.: A chave não é a palavra chave. A palavra chave é que se refere ao que chamamos chave.
Obs. Para que a palavra chave se refira áquilo a que chamamos chave, é necessário alguém (ou algo) capaz de fazer a relação entre a palavra chave e aquilo que ela representa.
Signo envolve uma ação interpretadora entre três elementos: Signo-Objeto-Interpretante. Diante de qualquer fenômeno, isto é, para conhecer e compreender qualquer coisa, a consciência produz um signo, ou seja, um pensamento como mediação irrecusável entre nós e os fenômenos.
Semiótica de Peirce
Para Peirce, a Semiótica seria a ciência dos signos, é uma ciência geral, uma espécie de “matemática universal” que engloba todas as outras ciências .
O homem significa tudo aquilo que o cerca numa concepção tríadica:
- primeiridade ( qualidade): é presente e imediato, é inicialmente original, espontâneo e livre, precede toda síntese e toda diferenciação. A qualidade de ser e de sentir; a qualidade da consciência imediata e uma impressão, indivisível, não analisável, inocente e frágil. Ex.: a cor “azul” puramente, dissociada de qualquer outra coisa.
- secundidade (relação e reação): é quando o sujeito lê com compreensão e profundidade de seu conteúdo. Materialização da qualidade. Ex: onde a cor azul foi corporificada, no céu.
- terceiridade ( representação e mediação): são exploradas as expectativas cognitivas, intelectuais. O indivíduo conecta a frase a sua experiência de vida, fornece à oração, um contexto pessoal.
Ex: o azul do céu em um contexto
Os signos se classificam como:
- Ícone. (tem como fundamento um quali-signo). Mostra uma qualidade que é similar à do objeto a que se reporta.
Ex. Uma fotografia de um objeto. Não é o objeto em si, mas é a representação do real.
- Índice. ( tem como fundamento um sin-signo). Um signo que mantém uma conexão física ou relacional com seu objeto.
Ex. Uma nuvem de fumaça que indica a existência de fogo.
- Símbolo. ( tem como fundamento um legi-signo). Um signo que mantém uma relação baseada em uma lei de representação ( convencionado).
Ex. O semáforo. O significado das cores verde, amarelo e vermelho inseridas nesse contexto, ja é algo legitimado.
Conclusão
A semiótica é uma das possibilidades de análise dos fenômenos comunicacionais e, portanto, pode ser utilizada para explicar a produção de sentido que se dá na mente humana em inúmeras áreas de estudo.
Lembrando que para explorar o potencial comunicativo, a semiótica propõe três pontos de vista fundamentais e complementares através dos quais se procede às análises.
- O ponto de vista qualitativo-icônico;
- O singular-indicativo;e
- Convencional-simbólico.
Bibliografia pesquisada:
SANTAELLA, Lúcia. O que é semiótica.
SANTAELLA, Lúcia. Semiótica Aplicada.
PERUZZOLO, Adair Caetano. Elementos de semiótica da comunicação.
Grupo de trabalho: Lucielle e Fabiana